ARTIGOS

O futuro mundial está nas mãos da China

Por Carlos Rifan
 
A geração dos anos 1970, 80 e 90, cresceu achando que o fenômeno da globalização seria o divisor de águas das sociedades futuras, porém, para mim, foi o acesso à informação. Essa máxima ?virada de chave? do nosso século, e a oportunidade de conversarmos em tempo real com qualquer pessoa em qualquer parte de mundo de forma ininterrupta transcendeu o que então era uma questão teórica de livros ao alegar que o mundo seria multipolar. Porém, isso fez com que a humanidade de forma controversa começasse a desenvolver de novo o pensamento tribal.
 
O que seria a oportunidade para termos acesso à informação que começou lá em 2003 com a popularização da internet de banda larga, se tornou um movimento que fez surgir o pior dos nossos medos e anseios. Steve Jobs, ao criar o iPhone, não imaginaria que um smartphone informaria tanta coisa como, por exemplo, a cultura cigana ficou amplamente conhecida no mundo.
 
Os seres humanos entraram em uma batalha diária nas redes sociais. A humanidade pouco educada possui uma tendência a ter aversão ao que desconhece. Quando a criatividade maligna é usada para criar informações falsas que atrofiam a interpretação, é a hora que o sistema econômico padece junto com a sociedade.
 
O Brasil com essa última eleição, receberá em 2023 um grande problema para resolver nessa área, que é a adequação econômica frente a uma sociedade que parece não acreditar na vida a sua frente. Será preciso voltar a base da formação da sociedade brasileira para tentar aplicar uma política econômica internacional que gere austeridade para o país, ao mesmo tempo que existirá um enfrentamento gigantesco por parte de uma estrutura contrária ao governo e, que estará pronta para fazer com que a nossa realidade não exista mais.
 
Logo fica o questionamento que o sistema econômico brasileiro deve fazer: que natureza econômica é a do brasileiro?
 
Para termos resposta a essa pergunta, primeiro precisamos produzir ciência de qualidade no país, o que automaticamente irá gerar um campo gigantesco de tecnologia. O recente modelo de especialização nos atrofiou como produtores de conteúdo na última década e a grande quantidade de acesso na palma da mão usada de forma errada fez com que o mundo nos olhasse diferente do que antes.
 
O Brasil como país, é um líder natural da América Latina e reconhecido internacionalmente por seus pares, que também olham todo o nosso continente.
 
A China segunda economia do mundo e próxima de ter três vezes o PIB norte-americano, olha para cá e acena com o questionamento básico se queremos voltar a ser protagonistas do nosso hemisfério ou apenas o cão de guarda da AL.
 
Mas, para voltarmos a jogar nessa liga internacional, precisamos de um time capaz e há pelo menos 7 anos não estamos nem praticando o mesmo esporte.
 
Acho que voltar aos clássicos para entender a sociedade é o ideal que o novo governo pode fazer, e quando digo aos clássicos, me refiro ao nosso modelo clássico do BRICS, só que nesse atual sistema devemos nos aproximar da Índia que é um país com público para consumir o nosso conhecimento tecnológico e que não se encontra em nenhum conflito armado.
 
Se aproximar da Índia por meio da China é essencial para o Brasil voltar a fomentar o comércio internacional e gerar riqueza interna para dar uma certa calma ao sistema brasileiro. A alternativa para estudar e botar em prática essa ideia pode ser de novo aproximação das instituições de mercado para com a sociedade civil organizada, já que convidando grandes especialistas da sociedade para pensarem de forma frutífera, teremos uma luz no fim do túnel.
 
Observar a sociedade chinesa, seu crescimento de salário acima do PIB somado a inflação, geração de 150 milhões de empregos técnicos em dez anos e reconhecimento do trabalho do cidadão, talvez seja a receita que o Brasil precisa aplicar na prática. Entender sobre um modelo que deu certo no exterior e que tem uma população semelhante à nossa em aspirações, permite que adaptemos ao nosso sistema a volta da evolução.
 
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Carlos Rifan é internacionalista com mais de 10 anos de experiência na área, adquirida em empresas dos mais diversos segmentos. É especialista em Negociação Internacional e Gestão Internacional. Atualmente, é consultor de negócios internacionais, na SF Service.